Eu sei…

… não temos o direito de sobrecarregar os outros com as nossas penas, as nossas crises, os nossos desabafos. É um exercício – chamar a mim esta frase – que exerço quase todos os dias.

Nos dias em que preciso desabafar mas não tenho o direito de o fazer com quem está com problemas maiores que os meus. Nos dias em que tenho uma tristeza ou ansiedade enormes que precisam de um “vai ficar bem, vai correr bem” para diminuírem, mas que – por tanta e tanta coisa – não tenho o direito de pedir.

Amar, ser amigo, também será isto: saber quando partilhar e quando não partilhar, saber quando se deve guardar para que, naqueles de quem gostamos e a quem amamos, não nasça a semente da revolta.

é isto.

há qualquer coisa de libertador…

… em escrever num espaço que quase ninguém conhece ou sabe onde fica. um espaço onde não há analytics nem domain names, nem plugins de otimização para SEO.

há qualquer coisa de libertador em voltar a escrever só em minúsculas, em falar do que se pensa sem pensar em quem vai ler. escrever só porque sim, sem querer provar nada ou afirmar coisa nenhuma.

há qualquer coisa de libertador em voltar a este espaço (quase) só meu, em que o último texto já tem sete anos e não há traços de pandemia.

há qualquer coisa de libertador – e de maravilhoso, e de apaziguador – em voltar a abrir a caixa. em pegar na pessoa-mãe que era na altura e em continuar na pessoa-mãe (sobretudo e sobre tudo) que sou, sempre fui e onde me encontro sempre que necessito de ser eu.

I’m back. e sabe bem :)

dois anos de Margarida

Dois anos de Margarida. Dois anos de um amor profundo, de um cheiro bom que não pensava voltar a experimentar.

Dois anos de encantamento constante, surpresa a cada minuto, dois anos cheios de vontade e de um charme a que não consigo – nem quero – resistir.

Se a Mariana é as minhas ansiedades – e estão todas lá, todas – a Margarida é a minha segurança. O meu chão firme. O meu lugar certo.

Uma é perguntas, outra é respostas.

Dois anos de Margarida, dois anos de sol, dois anos de coisa boa e cheia de luz.

hoje

Hoje é quinta, dia 6. Chove, está frio, e eu estou cansada.
Sinto falta do meu amigo, de conversar com ele aos sábados de manhã. Sinto falta da sua orientação dada sem que fosse pedida (e que eu tantas vezes, e bem, não aceitava), da forma como me dizia que “se fosse eu…”.
Sinto muito a falta dele. Acredito na vida para além da morte – ainda que de uma forma ligeiramente diferente daquela que me ensinaram em pequena – e por isso creio que, de uma forma ou de outra, ele continua.
Mas o que eu sinto falta é dele. Dele como era, dele. Não daquilo em que se terá tornado, não daquilo que poderá ser agora. Sinto falta dele, como ele era, mandão, um bocadinho espaçoso, sempre com algo para dizer.

Hoje é quinta, dia 6.
E eu estou triste.

uns e outros dias

Há dias em que me canso de pensar que este ciclo ainda não terminou, e que a vida vai continuar apertada.

Há dias em que me canso de fazer contas, de olhar para cupões, de ver se o chocolate para o leite é mais barato no Lidl ou com os 10% de desconto do Continente.

Há dias em que me canso de acordar mais cedo para fazer o almoço para o marido levar, ou me canso de guardar as sobras do jantar para depois aquecer na manhã seguinte. Há dias em que me canso de ter de cozinhar e não poder ir comer fora, nem que fosse um hambúrguer.

Há dias em que me canso de olhar os catálogos, olhar mesmo, sabendo que não irei comprar nada. Há dias em que me canso de pegar em roupa que já foi para dar e voltar a olhar para ela como se fosse nova.

Há dias em que me canso destes anos 80, que voltaram 30 anos depois.

Se calhar, ando a precisar de descansar.

Não te desvies do plano

Não te desvies do plano. Não te desvies do plano. Não te desvies do plano.

Ainda que a estrada te pareça escondida, ainda que te canses, ainda que te apeteça mudar de sentido: não te desvies do plano.

Vê melhor, descansa, reflete. Mas não te desvies do plano.

 

 

# amassada

decisões

Quando, há dez anos atrás, fui  a uma entrevista de emprego, disse ao meu futuro empregador que “sempre disse que até aos 30 andava a passear, depois era a sério”. Dez anos depois, ainda não tenho poiso fixo.

Nos últimos dias/semanas tenho pensado muito. Como há dez anos, estou prestes a tomar decisões que podem – mais ou menos – influenciar o futuro próximo (o distante, esse é imprevisível). Não são escolhas – nada há para escolher. São decisões internas, de rumo.

Nestas alturas, gostava mesmo de ter alguém com quem conversar.

embarrigar

Nos últimos tempos, ando a embarrigar. Não, não é nova gravidez, nem aumentei assim tanto de peso. Mas ando a embarrigar. A empurrar com a barriga. A deixar acontecer.

Coisas pensadas e não feitas, coisas (MUITAS) por escrever, algumas por dizer. Duas cebolas por descascar, algumas lágrimas por chorar. Valha-me não ter risos guardados, que esses vou-os soltando todos.

Enfim. Time to do alguma coisa, que a vida não se faz sozinha (há quem diga que sim, e eu – por vezes – também me resigno a deixar a vida andar. a entregar as coisas nas mãos de deus e “olha! que seja o que tiver de ser!”)